Um futuro sem sindicatos é como um filme distópico no qual o mercado, como um grande ditador, controla o trabalho, o tempo e a concentração de renda. Um filme em que o ditador mercado controla, enfim, a vida do povo. Mas o governo, que faz sucessivas concessões ao capital financeiro, ao agronegócio e aos grandes grupos econômicos, não mostra a mesma disposição de articulação para o lado dos trabalhadores.
Da parte dos sindicatos, mesmo feridos de morte, tudo o que está ao alcance tem sido feito: trabalho cotidiano, assembleias, convenções, encontros, ações políticas etc. Temos nos atualizado, usado a tecnologia, participado dos debates, recebido e ouvido as demandas dos trabalhadores.
Então, mesmo que existam problemas, como em qualquer organização, a raiz da crise no movimento sindical não é interna. É política e cultural. O que intriga é pensar qual é a perspectiva de desenvolvimento para o país no longo prazo sem sindicatos fortes.
É preciso promover políticas de desenvolvimento sólidas e duradouras e valorizar os trabalhadores, com salário e direitos trabalhistas, inseridos neste processo.
Em seu discurso na Assembleia Geral da ONU, no dia 24 de setembro de 2024, Lula disse que seu objetivo mais urgente é acabar com a fome, “como fizemos em 2014”. Mas as benesses conquistadas naquele ano foram liquidadas em nome do ajuste fiscal na transição dos governos de Dilma Rousseff e Michel Temer. O desemprego baixo de 2014, saltou a partir de 2016, chegando a bater os 20% nos anos seguinte, e isso disseminou a pobreza e a indigência pelo país.
Quando mudar o governo, nada garante que a política econômica responsável pelo desemprego baixo, valorização do salário-mínimo, alta do consumo das famílias e aquecimento do comércio, permaneça.
Não precisa ir muito longe para ver analistas econômicos da grande imprensa ressentidos com o atual modelo que privilegia investimentos sociais em detrimento dos “humores” do mercado. É preciso considerar que, desde as Capitanias Hereditárias, o tipo de pensamento que repudia a valorização do salário-mínimo e deseja a manutenção de um exército de desempregados está sempre à espreita.
Desta forma, além de trabalhar por bons índices econômicos, como está fazendo, o governo precisa criar meios para que os benefícios dos trabalhadores e dos mais pobres, como emprego, salário, saúde e segurança, sejam assegurados para além dos quatro anos de gestão.
Manter e fortalecer os acordos salariais e as convenções coletivas dos sindicatos é uma forma de fazer isso.
Todavia, hoje, enquanto os sindicatos vêm seu papel de representação e negociação diminuídos, os trabalhadores sofrem com a crescente precarização do trabalho.
Texto: Álvor Egea e João Carlos Juruna
Fonte: veja a matéria completa em https://economistaspelademocracia.org.br/Publicacao.aspx?id=540961
Publicação original: https://jornalggn.com.br/cidadania/e-urgente-dar-seguranca-aos-trabalhadores-por-juruna-egea/
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