A luta das mulheres por uma vida sem assédio e sem violência ultrapassa fronteiras e culturas. Para as ruas do 8 de março, veja algumas das principais lutas em outros países para inspirarmos e avançarmos juntas. “Quando uma mulher avança, todas avançam”, essa máxima do movimento feminista guia a prática da luta das mulheres em todo mundo.
Na América Latina ou no Oriente Médio, na Europa ou na África, a batalha diária pela sobrevivência, a luta contra a violência, por justiça social e igualdade de gênero e o combate ao racismo são bandeiras que as trabalhadoras levantam diuturnamente, a partir das realidades que estão colocadas.
Neste 8 de março de 2022, milhares de mulheres irão às ruas em diversos países, mas nem todas, por exemplo, poderão marchar em solo livre. Regimes autoritários, golpes de Estado, atentado à democracia, a ascensão da onda conservadora vem atingindo várias nações, em escalas diferentes, fazendo com que as mulheres tenham que lutar por direitos básicos e impedir o retrocesso de conquistas importantes.
Por outro lado, a luta das mulheres também traz inspiração e novos ares para o feminismo com a eleição de governantes progressistas, comprometidos com a pauta feminista.
Levantamos aqui alguns exemplos de luta internacional das mulheres, a partir da conjuntura apresentada em seus países, para que marchemos unidas, em todo mundo, pelo direito de viver e amar como outra qualquer no planeta.
AFEGÃS
Com a retomada do poder pelo Talibã, no Afeganistão, as mulheres foram às ruas para impedir o retrocesso e a onda conservadora fundamentalista, que priva as afegãs dos direitos mais básicos como poder estudar, trabalhar, andar na rua sozinha e até pegar um táxi.
Apesar da comunidade internacional exigir que o Talibã não ferisse princípios dos Direitos Humanos, principalmente em relação às mulheres, a opressão continua. As autoridades têm como estratégia não “oficializar” certas práticas violentas como a proibição de praticar esportes, trabalhar e ter cargos públicos para não sofrerem sanções econômicas. No entanto, a lei “não dita” é aplicada no dia a dia, na base da coerção, do medo e da violência. O uso do hijab, por exemplo, é obrigatório e as mulheres são penalizadas caso não utilizem.
CATARIANAS
Ao denunciar um abuso sexual, enquanto trabalhava para o Comitê Olímpico da Copa do Mundo no Catar, a economista e antropóloga mexicana Paola Schietekat foi forçada a enfrentar uma sentença de 100 chicotadas e até sete anos de prisão. O agressor a atacou dentro de casa, ela fotografou os hematomas dos golpes que recebeu, e levou às autoridades. No entanto, isso não foi “suficiente”. Diante do juiz, o homem disse que foi “consensual” e isso bastou para ela ser acusada de “relação extraconjugal” e passar de vítima a culpada. Graças à ação da ONG Human Rights Watch e do Comitê Olímpico da Copa do Mundo, ela conseguiu deixar o país sem cumprir a pena. Porém, o agressor foi absolvido.
Felizmente, a vítima conseguiu apoio e suporte para não ser penalizada. No entanto, esse caso revela uma situação de culpabilização da vítima e da falta de estrutura para combater o assédio e proteger vítimas de violência sexual.
NIGERIANAS
O Senado da Nigéria votou rejeitar mudanças importantes na Constituição que ampliam a participação das mulheres na política. Uma das propostas era um dispositivo para alocar assentos especiais para mulheres e aumentar a representação política, no entanto não foi aprovado.
A Nigéria é o país mais populoso do continente africano, com quase 200 milhões de pessoas, e acumulava um histórico de índices mais baixos do mundo de mulheres no parlamento. Com as últimas eleições, em 2019, a representação feminina ficou ainda pior. Apenas 11 mulheres foram eleitas para a Câmara dos Deputados, o que representa o menor número desde 1999, segundo o Nigerian Women’s Trust Fund (NWTF). E apenas 0ito se elegeram nas campanhas para o senado, com 109 membros.
Em 2023, as nigerianas irão às urnas para eleger um novo presidente e um parlamento. No entanto, o caminho para a participação política das mulheres ainda é bastante dificultado, tanto pela falta de estrutura para ampliar a representação feminina, quanto pela estrutura patriarcal e machista que também assola o país.
CHILENAS
Do Chile, sopram ares de esperança e renovação do futuro. A partir da luta das mulheres, a eleição de um presidente progressista, comprometido com as pautas feministas, inspira as trabalhadoras latino-americanas. O exemplo de organização e autonomia dos movimentos feministas, articulado com a experiência e o respeito às pautas dos povos originários, demonstrou que o caminho para construir o futuro é a união das mulheres e a centralidade das pautas feministas para reconstruir o país.
ARGENTINAS
Protagonistas de avanços históricos, sobretudo na América Latina, as argentinas deram um passo importante na valorização do trabalho de cuidado. Em 2021, o governo reconheceu a dedicação das mães e passou a considerar esse trabalho como tempo de serviço na hora do pedido de aposentadoria. A medida beneficiou cerca de 155 mil mulheres mães com idades entre 60 e 64 anos, ou seja, já na faixa etária para se aposentar, mas que não têm os 30 anos de contribuição exigidos por lei.
Divisão igual de tarefas domésticas, valorização do trabalho de cuidado, redução da sobrecarga e da jornada são pautas permanentes em diversos países — sobretudo daqueles que compõe o “terceiro mundo” em que a precarização da vida e do emprego são a única opção de sobrevivência das mulheres.
FONTE: Ana Clara Ferrari, Agência Todas.
SINTTEL/PR – UM PAÍS MELHOR PARA AS MULHERES, É UM PAÍS MELHOR PARA TODO MUNDO!