Em 1º de janeiro de 2022, o salário mínimo (SM) oficial do Brasil foi reajustado para R$ 1.212,00, conforme anunciado pelo governo. O valor resulta do acréscimo de 10,16% – inflação de 2021 medida pelo INPC/IBGE sobre os R$ 1.100,00, em vigor durante o ano passado, arredondado para cima (o que corresponde a 10,18%) – rigorosamente, o valor seria de R$ 1.211,73. Mais uma vez, o piso nacional fica sem aumento real.
Nesses últimos dois anos, a inflação no Brasil, que já era crescente, teve alta na taxa acumulada em 12 meses, a partir do segundo semestre de 2020, como resultado basicamente da elevação dos preços de três grupos de itens que compõem os orçamentos familiares: “Alimentação e bebidas”, “Transportes” e “Habitação”. Isso significa que aqueles trabalhadores com renda muito próxima ao salário mínimo foram os mais afetados com o rebaixamento drástico do poder de compra.
Nada mais justo e correto, se fossem compensados com algum ganho real de salário (por via de aumento real do SM) para enfrentar 2022, ainda uma incógnita no que se refere ao comportamento dos preços ao consumidor.
O REAJUSTE DO SALÁRIO MÍNIMO DESDE 2002
Em 2002, o salário mínimo foi estabelecido em R$ 200,00. Em 2003, foi reajustado em 20,00%, para inflação acumulada de 18,54%, o que significou aumento real de 1,23%. No ano seguinte, o valor foi corrigido em 8,33%, enquanto o INPC atingiu 7,06%. Em 2005, o aumento foi de 15,38%, contra uma inflação de 6,61%. Em 2006, o índice inflacionário correspondeu a 3,21% e o reajuste alcançou 16,67%, ou seja, houve aumento real de 13,04%. Em abril de 2007, com o INPC de 3,30%, entre maio/2006 e março/2007, houve acréscimo de 8,57% ao SM, o que representou aumento real de 5,1%. Em fevereiro de 2008, o mínimo subiu 9,21%, enquanto a inflação acumulada foi de 4,98%, aumento real de 4,03%. Com reajuste para R$ 465,00, em 1º de fevereiro de 2009, o ganho real do SM, entre 2008 e 2009, foi de 5,79%. Em 2010, passou a valer R$ 510,00 – aumento real de 6,02%, resultante da aplicação de 9,68%, diante de inflação anual de 3,45%. Em 2011, mesmo com variação negativa do Produto Interno Bruto de 2009, o piso registrou ganho real de 0,37% e, em 2012, com repasse de 7,5% da alta do PIB de 2010 e arredondamento de valor, foi fixado em R$ 622,00. Em janeiro de 2013, houve elevação para R$ 678,00 e, em janeiro de 2014, passou para R$ 724,00. Com o reajuste de janeiro de 2015, o valor do SM subiu a R$ 788,00; e, em 2016, atingiu R$ 880,00. Em janeiro de 2017, passou a valer R$ 937,00, acumulando perda, no ano, de 0,10%, considerando a taxa anual do INPC, em 2016, de 6,58%. Em janeiro de 2018, com o valor de R$ 954,00, a perda acumulada em 2017 e 2018 ficou em 0,34%, conforme pode ser visto na Tabela 1 e nos Gráficos 1 e 2. Em 2019, valendo R$ 998,00, o mínimo apresentou ganho de 1,14%. Já em 2020, o SM foi fixado em R$ 1.039,00, que vigorou em janeiro e, a partir de fevereiro, passou a ser de R$ 1.045,00. Em 2021, não houve incorporação de qualquer ganho real, exceto por reflexo do pequeno arredondamento para R$ 1.100,00.
FONTE: https://www.dieese.org.br/ NOTA TÉCNICA 265 de 11 de janeiro de 2022
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